quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lembrança

É Ela! A palavra. Chegou, nao bateu na porta, nao pediu licença e estupidamente expressou-se: Vagabunda! Ainda posso ver os lábios expulsar a palavra.
Ele, foi direto no discurso direto, voltado para vida. Hoje, a palavra esbravejou que vida é vagabunda. Ora que vida? Nenhuma, apenas a palavra dita é vagabunda. Sem muita pressa, havia outra palavra na contra-mão, essa veio meio sem jeito, na marcha lenta com pisca alerta ligado. No momento exato do dizer, o silêncio tampou os lábios e os olhos disseram tudo. Com as palavras nos olhos, ele pois fim em tudo. Bateu a porta e saiu com coração batendo freneticamente. Deve estar por ai, falando outras palavras para quem quiser e puder ouvir. Ela nao entendeu nada e disse nao ter ouvido o que foi dito, mas se lembra do olhar...

Oceano.

Em tuas profundezas vejo teu olhar.
Nas suas palavras, percebo teu penar
Vejo que não és mais o verbo.
Teu tempo é incerto
Tua fruta não é madura
Teu coração ainda é verde.
E nada de vivo existe, nas profundezas do teu mar...
Você só se vê,
Seus desejos,
Tuas vontades,manias, manhas e rimas.
Seus eus...
Por isso nao sou mais teu.
Sou do terra, oceano.
A palavra chegou e tomou conta do silêncio.