segunda-feira, 31 de maio de 2010

parto

Ao sair foi deixando versos,
Amassou e queimou todas as poesias,
E mesmo sem prosa, disse que o amor estava amargo.
Sem emitir uma palavra, fez o suficiente para provar que a triste hora do fim chegou.
Deixou apenas a tristeza.
Poucas peças foram levadas contigo.
Saiu tão rápido que a lucidez,
Não o viu partir.
Até seus sapatos ficaram ao lado da cama,
Nem percebeu que os pés estavam nus.
Sua saída foi redemoinho.
Balançaram a arquitetura do ser.
Agora o amor era um texto sem correção ortográfica,
Uma desordem,
Uma baderna,
Nada fazia sentido.
Não percebeste que foste levando-me contigo?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A espera da palavra

Ao barulho do mar,
Com os ouvidos inclinados ao silêncio,
que tarde sempre chega.
Um coração bate.
Logo Adiante dos meus olhos,
vejo os meus olhos,
que tarde ainda ve a vida.
Uma brisa qualquer conversa,
Estranhas árvores, escondem o tempo que corre de galho em galho.
Esse tempo que corre, voa despercebido em nossos olhos.
Um menino,
Um moço,
Um velho,
Uma vida inteira vivida. Ali, bem próximo, vendo uns chegarem e outros a ir...
E o silêncio a espera da palavra.

Incerto lugar...

Aqui em qualquer lugar,
Sempre serei este que nada sou.
Por querer ser tanto,
ou de tanto querer ser,
vivo nem aqui, nem ai.
Fui conto,
poesia,
crônica,
critica,
vento...
Para aqueles que me diziam, que fui papel ao vento.
Hoje fui ventania,
Amanhã serei brisa,
depois chuva,
Depois serei incerto como o peito que se dabete em vida.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Matando baratas

Bebo todos os dias doses de loucura para curar minha sanidade.
Experimento o doce da vida, para habituar com o amargo do viver.
Vivo sorrindo, pois assim fabrico lágrimas para chorar quando preciso for.
Experimento algumas substâncias abstratas: fé, coragem, motivação, para quem sabe continuar vivo.
Em meio a minha loucura escrevo. Talvez assim um dia me torne lúcido.
Sambo para agradecer a alma que ainda insiste em residir neste corpo.
Não escrevo para dizer que sou suicida, covarde, é porque, acho lindo morre na escrita.
E cada um tem o direito de escolher sua ressurreição!
Passo bastante creme para quem sabe minimizar as dores internas.
Eu já fui raios, trovões, relâmpago e brisa.
Fui primavera, verão e outono. Apenas agora estou inverno.
Já Fui à Bahia e ao Rio, porque te ir.
Já provei o mais brando do fogo, o amor. Esse que arde, e que, só aquele que amou a dor vê.
Já cantei canções,
Recitei Fernando pessoa, por estar certo ele escreveu algo por mim e para mim.
Já cai no copo bebida sem gás, ao achar que a vida era um naufrágio.
Conheci o mundo dando volta no quarteirão,
É, eu andei em círculo.
Mas são poucos aqueles não mata barata.

domingo, 2 de maio de 2010

Lar

Recebi o habite-se: Morarei em mim.
Serei minha própria moradia.
Cuidarei de minhas infiltrações,
Decorarei meu espaço vazio.
Será aqui em mim que vou passar por essa vida.
Irei pintar minhas paredes,
Colocarei piso para pisar com os passos do acaso.
Já que não se pode morar na lua, com vista para terra...